Saveiros do Acupe.
Já venho a algum tempo tentando conhecer mais sobre a História do Acupe, e vejo-me diante de um personagem que me faz acreditar que a vida daquela comunidade de pescadores, seria diferente se não existisse a presença deles na historia. Refiro-me aos “SAVEIROS”.
Saveiro é um tipo de embarcação construída exclusivamente em madeira. Os Saveiros são embarcações que possuem normalmente duas velas e que servem para facilitar o deslizar da embarcação nas águas, usando a força dos ventos. As originais e as mais antigas, segundo conta à história, tinham até os pregos feitos de madeira (tarugos).
Saveiros é também um termo genérico que engloba vários tipos de embarcações muito diferentes entre si, mas todas em madeira, com envergaduras assombrosas, e “aerodinâmica naval” esmerada, procurando o máximo de equilíbrio que a madeira pode proporcionar. No Brasil como em Portugal, esse trabalho teve início com a “Escola de Sagres”. Uma Escola náutica em Sagres, em Algarve, em Portugal. Fundada pelo Infante D. Henrique, por volta de 1417. A escola, centro da arte náutica, teria assim formado grandes descobridores, como Vasco da Gama e Cristóvão Colombo.
Mas que de fato, o que se criou não foi uma escola no moderno conceito da palavra, mas um local de reunião de “mareantes” e “cientistas”, onde, aproveitando a ciência dos doutores e a prática de hábeis marinheiros, se desenvolveram novos métodos de navegar, desenharam cartas e adaptaram navios, onde o graminho ou a régua de cálculos era muito utilizado. Normalmente a construção de um Saveiro é primitiva, medieval; São peças, que usam técnicas de artesão, para chegar às curvaturas das cavernas (ou galerias), que nunca são repetitivas, obviamente, o que faz dos Saveiros objetos únicos, de arte artesanal. São embarcações marinheiras, cujo objetivo é a boa pratica da navegação.
No Acupe, existem famílias tradicionais que tinham esse tipo de embarcação. Eram construídas artesanalmente pelos próprios donos, verdadeiros mestres da arte de trabalhar com a madeira. A profissão de marceneiro e carpinteiro, vinha no sangue desses modestos engenheiros da vida, que sabiam o oficio sem ao menos terem cursado universidades, e que nasceram com o dom dessa arte. Os Saveiros representavam a sobrevivência da comunidade e a movimentação comercial daquela localidade. Existiam alguns Saveiros que fizeram parte da história, e marcaram muito a memoria de alguns antigos moradores. Nas minhas pesquisas registrei alguns, como São José, Caridade, Santo Antônio ou Antonino, Golfinho e também o Gentileza, (que segundo me contaram, era o Saveiro mais bonito visto lá em Acupe, na época), e que pertenciam a Família de Miguel Argôlo, o “Pioneiro na Arte de Navegação com Saveiros no Acupe”, e que tinha seus filhos Ernestino Argôlo e Gonçalo Argôlo, que seguiam os passos na Arte dos Saveiros; tinha também a Nova Aldeia, Surucucu, e o Santa Cruz (o maior de todos) que pertenciam a Família de João Pedro Ramos e seus filhos que também, seguiam os passos dessa Arte.Eram Germano Ramos, Antônio Ramos e Pedro Ramos. São famílias tradicionais que construíam suas próprias embarcações, desenhavam e fabricavam suas peças de Saveiros, indo buscar na mata, a matéria prima para suas verdadeiras obras de arte.
As madeiras eram escolhidas minuciosamente e, além disso, tinha que observara influência da lua antes de retirar a madeira; elas eram tiradas na força da lua cheia, ou até 3 dias antes, passando pelo quarto minguante até a lua nova. As derrubadas neste período são de ótima qualidade. (sabedoria dos velhos lenhadores da mata). Pois com a lua cheia, uma quantidade maior de seiva é preservada na madeira, dando-lhe uma qualidade superior e menos ressecada do que aquelas tiradas em outra fase da lua, quando há menor quantidade de seiva; Assim facilitava a forma de curvatura da madeira .Tendo assim seu aproveitamento maior na construção dos saveiros; E para as curvas(cavernas), utilizava-se as raízes e galheiras dos troncos, sendo também a madeira aproveitada em tamboretes, bussardas, quilhas, sobrequilhas, roda de proa, cadaste, e outras peças, que na estrutura dos saveiros,são de fundamental importância.
Acredito que essa prática contribuía para que os Saveiros se desenvolvessem, tornando-se uma embarcação leve e ágil. Assim as madeiras eram depois cortadas de machado e transformadas em tábuas, cerradas manualmente, geralmente usavam a madeira de “Lei”, como, Pau-D’Arco, Camaçari, Sucupira, e a Biriba que era usada,especialmente,na construção dos “mastros”, depois que escolhidas e cortadas, elas eram amarradas e puxadas na junta dos bois, trazidas para o Porto do Acupe, onde lá eles projetavam e construíam, usando suas técnicas de sabedoria artesanal e unicamente caseiras.
Acredito que essa prática contribuía para que os Saveiros se desenvolvessem, tornando-se uma embarcação leve e ágil. Assim as madeiras eram depois cortadas de machado e transformadas em tábuas, cerradas manualmente, geralmente usavam a madeira de “Lei”, como, Pau-D’Arco, Camaçari, Sucupira, e a Biriba que era usada,especialmente,na construção dos “mastros”, depois que escolhidas e cortadas, elas eram amarradas e puxadas na junta dos bois, trazidas para o Porto do Acupe, onde lá eles projetavam e construíam, usando suas técnicas de sabedoria artesanal e unicamente caseiras.
Um trabalho árduo que com certeza, levava muitos meses para ficar pronto por causa das condições rusticas de transporte, construção e calafetagem. Na época alguns Saveiros eram responsáveis também pelo transporte de pessoas para a capital, em uma época em que não havia estrada. E que dependendo do vento, levava muitas horas para chegarem ao destino desejado. E sempre de olho no vento e no tal “corisco” (raio), às vezes a viajem parecia mesmo interminável.
O movimento de compra e venda de produtos como: farinha, coco,camarão seco, dendê, palha de piaçava, peixes, mariscos, e o Sal, acontecia quando os Saveiros vinham do Porto de Salvador para o Acupe, e vice-versa. Isso virou uma tradicional festa. Sendo o Acupe uma localidade de um povo muito alegre e festeiro, logo percebendo a quantidade de pessoas que vinham em busca dos produtos, e certamente, que não seria diferente, esse movimento deu assim a origem a uma Festa tradicional que existe hoje em Acupe na Semana Santa, refiro-me a “FEIRA DO PORTO”. Apesar de acontecer na Semana Santa, não é uma festa religiosa, e sim profana. É uma festa onde se organiza uma verdadeira feira para comercialização dos produtos da Ceia da Pascoa. Até hoje as pessoas vão para a beira do cais para esperar os produtos; São produtos pescados e cultivados em Acupe, e nas regiões próximas, além de exposição e venda do artesanato e de pratos típicos da culinária da região do Recôncavo. Nesse evento também é realizado shows com vários grupos musicas da região, e também da Fanfarra de Acupe. Contando também com as apresentações do Grupo de Capoeira. Esse evento retrata a grande importância dos Saveiros no comercio e na economia de Acupe, já há muito tempo, como conta a história.
Hoje, infelizmente o Acupe, já não tem mais Saveiros como antigamente; Quando vem algum saveiro de outra localidade, muitas vezes, provavelmente de Maragogipe, ele não consegue se aproximar do porto. Por que o porto já não tem mais o calado (profundidade), que antes, era necessária para “atracar” os Saveiros. Então muitos deles ficam “fundiados”, fora do Porto de Acupe, e são auxiliados por embarcações menores, que vão receber as mercadorias em mar aberto e as transportam para o Porto de Acupe. Tendo em vista a variedades de pescados encontrados em Acupe, o comercio local ainda é um dos mais fortes da região. Sendo que hoje essa comercialização tem como transporte, além de alguns barcos pequenos, também são distribuído para outras localidades através das estradas, em ônibus e carros menores.
Na verdade a meu ver a “FEIRA DO PORTO” é um encontro harmonioso entre o vendedor e o comprador. Uma verdadeira confraternização e comemoração pela fartura e pela comercialização dos produtos. A Feira do Porto é uma festa do povo!
O ano de 2010 foi considerado importante para as embarcações, com a preservação histórica nacional: o saveiro “Sombra da Lua” foi tombado pelo IPHAN, por ser o mais original em circulação, desde sua construção. "Neste ano, além do saveiro, também foram tombados o “Museu Nacional do Mar”, em Santa Catarina, e a “Canoa de Tolda Luzitânia”, de Sergipe”.
Fonte:
Evilácio Argôlo;
Espedito Argôlo;
IPHAN.
Obra protegida por direitos autorais.
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9 Comentários:
Teu texto além de ser uma leitura boa, traz informações preciosas, eu que vou sempre em Acupe não sabia de tantas coisas ditas aqui.
abraços
Como sempre, uma preciosidade de informações, eu mesmo que passei minha infância em Acupe, não sabia de tudo isso, apesar das histórias e informações passadas por meu pai "JEOVA", quando vivo.
Muito bom texto amiga.
Abraços!!!
Fico feliz e agradecida,por tentar "contar e recontar" para todos nossos leitores e amigos a preciosidade de Histórias que fazem parte desse lugar "único" e cheio de diversidades,que me encanta,cada vez mais, que é o Acupe.
Obrigado!
Olá que maravilha seu blog, ricas informações!
Estou tentando fazer o percurso dos meus ancestrais para montar a árvore genealógica da família. Meu avô partiu antes que eu amadurecesse essa busca e infelizmente não tenho muitas informações. Sei que toda a família dele estava concentrada na "ilha pequena" que me parece fazer parte de Acupe. Minha vó esposa dele me deu as informações que ela com muito esforço pela idade, conseguiu recordar, segundo ela me disse a mãe do meu avô chamava-se Caetana Clara Ribeiro(Alves)incorporado do pai de meu avô Martiniano Alves conhecido por "Baio" ambos de família residente da ilha pequena. Ainda segundo o relato Caetana chamada de "Dadá" descendia de índios. Sem muita certeza ela disse-me achar que a mãe de Caetana chamava-se Francisca. Já o pai ela não lembra o nome. Disse-me ainda que lembra dos seguintes nomes de irmãos de Caetana a "Dadá": Domingas, Vitorino e Antonino.
Disse-me que alguns descendentes podem residir em Acupe outros migraram para Sao Francisco do Conde, outros para Salvador. Por acaso você tem também o Ribeiro no nome, então fiquei curiosa, és de Acupe? Será que temos "parentesco"? Rsrs... Se surgir interesse poderíamos conversar e descobrir rsrs. O pai de meu avô foi dono de Canoas e comerciante. Caso você possa me ajudar ficarei grata! Penso em fazer um trabalho investigativo sobre os povos indígenas que habitaram essa região pois as informações sao ainda muito "vagas" não detalham por exemplo suas etnias, número de população,e não consigo identificar remanescentes desses povos, gostaria então de tentar resgatar tudo isso! Se você sentir que tem fundamento essa busca e sentir interesse seria uma grande colaboração. Desde já agradecida e na expectativa, fico aguardando contato! Um abraço!
Oi, muito bom saite!! Estou a procura de parentes do meu irmão parte de mãe!! Em uma conversa com ela (Doraci hj com 59 anos.) me disse que o pai do meu irmão era de acupe seu nome Edison e se lembra que tinha o sobrenome Oliveira. Pai:s.Manuel tinha um bar e sua mãe Maria de Lurdes. Meu irmão hj tem 35 anos e não conhece o pai, gostaria de ajudar meu acha o pai. Se o site puder me orientar e ajudar, desde já agradeço
Que cidade rica em histórias. Meu pai era de Acupe e tinha um irmão chamado Paixão( este tinha um bar na cidade). O nome do meu pai é Aloísio Gama. Se alguém tiver alguma informação , por favor entra em contato comigo.
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Morava aí em Acupe sou conhecido aí como Taubaté muitas saudades povo querido
Era da rua nova Brasília saudades de Dau Daí Etevaldo Nenê de Adelia outros
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