Vaqueiros do Acupe
Heróis das Matas
Uma figura importante e de grande presença no Distrito de Acupe é o Vaqueiro. O vaqueiro é a figura central de uma fazenda. Seu trabalho é árduo e contínuo. Passa grande parte do tempo montado a cavalo percorrendo a fazenda, fiscalizando as pastagens, as cercas e as aguadas (fonte, rio, lagoa ou qualquer manancial existente numa propriedade agrícola).
O maior problema enfrentado pelo vaqueiro é a falta d’água. Às vezes o gado tem que ser levado por dezenas de quilômetros até os bebedouros. Na época da migração ele tem que conduzir o gado para lugares distantes na ida e na volta.
Em algumas propriedades a migração sazonal não é necessária, devido à existência próxima de aguadas. Os restolhos do roçado de cana, feijão, fava, milho, aipim, também são usados na alimentação do gado, assim como o capim de corte e frutas da época. Nos anos mais secos, alguns cactos como o mandacaru e o xique-xique precisam ser queimados antes de serem colocados para alimentar os animais. A macambira, além de ser queimada, deve ser ainda picada.
Cabe a ele, o vaqueiro, ainda reunir os animais nos currais, além de ferrá-los; ou seja, utilizando um ferro em brasa colocar em cada um a marca do seu dono. Uma das coisas que o caracterizam é o aboio, ao conduzir o gado para o curral ou na pastagem. Eles abóiam também quando precisam orientar um companheiro que se perde numa serra.
Lidar com o gado nas fazendas e matas, cheia de galhos e espinhos, é atividade muito difícil e ariscada, por isso o vaqueiro tem que usar uma roupa própria, com condições de enfrentar o mato, funcionando como uma couraça ou armadura. A vestimenta do vaqueiro é caracterizada pela predominância do couro cru e curtida, geralmente, utilizando-se processos primitivos, o que o deixa da cor de ferrugem, flexível e macio (retira-se todo o pelo).
A vestimenta compõe-se de gibão, parapeito ou peitoral, perneiras, luvas, jaleco e chapéu. O gibão é enfeitado com pespontos e fechado com cordões de couro. O parapeito ou peitoral é seguro por uma alça que passa pelo pescoço. As perneiras que cobrem as pernas e pés até a virilha são presas na cintura para que o corpo fique livre para cavalgar. As luvas cobrem as costas das mãos, deixando os dedos livres e nos pés o vaqueiro usa alpercatas ou botinas. O jaleco parece um bolero, feito de couro, sendo usado geralmente em festas. Tem duas frentes: uma para o frio da noite, onde conserva a lã, outra de couro liso para o calor do dia. O chapéu protege o vaqueiro do sol e dos golpes dos espinhos e dos galhos e, às vezes, a sua copa é usada para beber água ou comer, quando estão em meio ao mato. O vaqueiro usa sempre um par de esporas e nas mãos uma chibata de couro, para conduzir o animal.
No dia 7 de setembro, todos os anos, é realizada uma festa tradicional, a mais importante para o vaqueiro de Acupe, é a Cavalgada, com o grupo CAVALEIROS DO ACUPE, celebrando e homenageando esses heróis das matas. Tem passeio de cavalos pelas ruas do Acupe e na sede dos pescadores é realizada uma grande festa.
Quando reunidos em meio à “labuta” geralmente esses valentes homens das matas tangem seus animais com um canto quem vem de gerações... O “aboio”, um canto amargo, saudoso, que viaja no vento e atravessa o coração como uma flecha. É assim o aboio do vaqueiro tangendo o gado no meio do mato, em qualquer região. Esse canto conta histórias e lendas. É um relato real de aventuras e do trabalho na lida de todos os dias nas fazendas e nas matas. A mesma lida que provavelmente fez surgir o mais viril e vibrante esporte do homem do campo: “A Vaquejada”. A prática é tipicamente nordestina. Pode-se até dizer que foi um trabalho que virou diversão. Os relatos mais antigos registram que começou a surgir por volta dos anos 40 quando os vaqueiros faziam demonstrações públicas de suas habilidades com o trabalho de manejo do gado.
Nas fazendas de antigamente, o gado era criado solto em capoeiras e caatingas. A cada temporada ou fim de estação, os fazendeiros organizavam o que eles chamavam de “pega de boi”. Uma festa onde se reuniam todos os vaqueiros da região para pegar o gado que vivia na solta e que seria marcado a ferro, castrado e conduzido para áreas onde os pastos existissem em maior abundância. Essa tarefa era difícil. Os animais viviam em áreas de mato fechado, cheias de espinhos e galhos secos. O exercício de capturar o boi exigia do vaqueiro extrema perícia e coragem.
“A partir de agora, ser Vaqueiro ganhou uma condição especial no Estado da Bahia. Neste domingo (6/05 2012), em Feira de Santana, o IPAC - Instituto do Patrimônio Artístico Cultural oficializou o Registro Oficial da Profissão como Patrimônio Cultural e Imaterial da Bahia.”Referência: Pesquisa Escolar On-Line, 2010/4512/ Fundação Joaquim Nabuco/BA.
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1 Comentário:
Muito interessante o trabalho destes profissionais. A festa do 7 de setembro em Acupe é muito animado, é uma festa tradicional e que movimenta a comunidade.
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