Inspiração Acupe
Pulsam nas minhas veias
Minha mente viaja sem limites
Deixando que o coração só leia.
Desde as presenças e os sonhos
Que meu eu eternamente convive
No campo da Prainha e da Praia perdida
Em prática com o verdadeiro pique.
Naquelas eras de serenidade
Quando catava pitanga
No Alto da Campina
Também areia branca e manga.
Local farturento como nunca
Seguia pra lá sem tomar café
Pois de lá saía de barriga cheia
Era tão gostoso como uma linda muíé.
Nesse calor escaldante
Arrefecia o corpo na Roncadeira
Já voltava bem sonolento
Pelo carinho da água e da bebedeira.
Mas se esquecesse e passasse direto
Pegava o caminho do Rio Pavão
Afluente do Paraguaçu
Lá no leito deitava e tirava um sonão.
Ah que tempo bom
E que existia nos seres o respeito
Pois quando acontecia algo mais
Só por não ter mais jeito
O coração gritava, os olhos cresciam
E o amor explodia no peito.
Quantas figuras marcantes
Gorozinho, Nita Coió e Curió
Artur Pé Grande, Caboré
Personagens ricas como ouro em pó.
Meu amigo saudoso Germano
De Acupe fez parte da história
Homem místico, polêmico
Infalível e poliglota em minha memória.
Lavar no Rio Sabão
Secar roupa no capim e varal
Comendo farinha com peixe assado
Era o prazer ao natural.
O profícuo pescador daquela era
Que fisgava o pão de cada dia
Hoje símbolo de guerreiro eficaz
E para sempre seres de forte energia.
Seu Frade, seu Mangueira, seu Miguel
Que tinham a força da rede calão
Hoje tem os seguidores fiéis
Que dão sustento ao Acupe e toda nação.
Quando vejo a chuva cair
E as águas escorrerem pela calçada
Nos velhos tempos era tão gostoso
E muita diversão para a meninada.
Quando minha mãe fazia
O poderoso mingau de cachorro
Doença ruim mandava embora
Sentia-me saudável e bem vigoroso.
Uma pancadinha ou torção
Durante queda ou na pelada
Usava a erva mastruz
Que até mal de piado curava.
Assava na brasa o peixe e comia com farinha seca
Para merendar a beira do Rio Pavão
Pois com o tempo escaldante
Não tínhamos o Lava sem Sabão.
Coragem não nos faltava
Enfrentando os gatunos ciganos
Pois quando passava próximo ao acampamento
Os gajões jogavam pesados nos conterrâneos.
Caboré remava a canoa
Com seus braços de gigantes
Nos levava a Belaniza
Navegação das mais importantes.
Tinha também a Flor-de-Lamar
E na concorrência tinham os saveiros
Que não tinha a tecnologia
Mas Rodrigo e Coringa eram os pioneiros.
Tempos bons não voltam mais
Das viagens de barco a Santo Amaro
Saíamos nos domingos à tardinha
E atracava no Subaé de pano baixo.
Logo cedo tudo era vendido
Pois nosso produto era de primeira
Os homens do Sertão arrematavam
Toda mercadoria da sortida feira.
Mas a madrugada era sofrida no saveiro
Pois o espaço era pequeno para dormir
Jamais esqueço de dona Zilda Paim
Nos acolhia em sua casa até o amanhecer surgir.
O tempo foi passando depressa
Mas as marcas da luta esqueço jamais
Hoje tem gente que reclama de não sei o quê
Não sabendo o que sofreram nossos pais.
Hoje o lendário Nego Fugido
Tem apoio de algumas organizações
Antes era apenas encenado com amor e raça
Mas hoje é bem mais fácil mediante tradições.
Obra protegida por direitos autorais.
Gostou?
Twittar
Participe!
Deixe Seu Comentário
Siga-nos no Twitter
Curta-nos no Facebook
Atualize-se por Email
1 Comentário:
Danilo parabéns pela a riqueza das palavras, o cordel ficou muito bom.
Postar um comentário
Você gostou? Tem uma opinião? Deixe seu recado aqui!